• Postado por: Carlos Henrique
    Data: 08/01/2013

    Deu no Diário

     Deu no Diário:

    Secretários deverão
    firmar compromisso

                Que compromisso? Alguém precisa explicar melhor o que diabos possa vir a ser isso. Diz a notícia que os secretários de Confúcio vão assinar um plano de metas que irá comprometer a todos os envolvidos na busca por resultados, sob pena de responsabilidade. Eu pensava que era exatamente isso o que todos, aí incluído o próprio governador, teriam obrigação de fazer no dia da posse, não apenas agora, na abertura do terceiro ano de governo.

                A Secretaria de Assuntos Estratégicos anuncia com toda a pompa e circunstância a busca pelo ordenamento do pensamento estratégico em busca da convergência de esforços para evitar a pulverização dos recursos públicos, segundo o titular da SEAE, José Martins Coelho, que classifica de “revolucionária” a iniciativa. Há controvérsias. Eu, por exemplo, até que me convençam do contrário, penso que não é.

                Onde, afinal, encontrar tamanha criatividade em uma iniciativa que tinha obrigatoriamente que ser adotada por todo o secretariado e assessores do governo a partir do primeiro dia. Ou até antes, no plano de governo elaborado durante a campanha eleitoral.

                Pior que isso é anunciar um trabalho dividido em três etapas, cujo encerramento deve acontecer em um “Seminário de Gestão” programado para o período de 31 de janeiro a 05 de fevereiro. Parece conversa de marqueteiro.

                A verdade é que ou a coisa está muito mal explicada ou o governador está sendo enganado por propostas mirabolantes, apresentadas como um verdadeiro ovo colocado em pé, que dizem ter o condão de transformar Rondônia em “referência para a região norte em gestão, sustentabilidade e cidadania plena”.

                José Martins Coelho diz que “em muitos casos, as pessoas gostam de vender o caos para mostrar competência”. Concordo. Acho que está acontecendo exatamente isso: conversa fiada. Ainda bem que a oposição está monopolizada nas mãos de gente “esclarecida” como Ivo Cassol e Hermínio Coelho. Qualquer outro faria uma festa.

    LEIA TAMBÉM:

    1 - ORÁCULO – O ilustre articulista Mathias Mendes, cujos textos esbanjam cultura e aplicam, com a maestria dos grandes esgrimistas, golpes diretos, destaques e cortes, capazes de anular qualquer possibilidade de contestação, parece disposto a incorporar mais um título à sua portentosa coleção: o de oráculo.

    2 - MEMBRO fundador da Academia de Letras de Rondônia, Membro correspondente da Academia Taguatinguense de Letras, Membro correspondente da Academia Paulistana da História, Membro da Ordem Nacional dos Bandeirantes Mater e Membro do Instituto Histórico Geográfico de Rondônia são apenas alguns dos muitos títulos que ele com certeza possui mas escamoteia, tanto para não humilhar o leitor ignaro como este blogueiro, como para poupar espaço em seus brilhantes artigos.

    3 - PRESTADA a devida reverência, permito-me informar ao grande Mathias Mendes que ao contrário do que parece supor em seu artigo “Assembleia Legislativa: o labirinto mal compreendido”, o ex-deputado “Valter Tocaia Grande Araújo” não está descansando em paz “em alguma cova rasa ou profunda”. Ele continua vivo, e muito, para poder visitar a esposa em um condomínio aonde chega “disfarçado” com boné e óculos escuros. E mais: o apartamento fica perto da Polícia Federal em Porto Velho.

    4 - APESAR da intransigente defesa que faz da recondução “natural” de Hermínio Coelho ao cargo de presidente por um novo período, os adversários do deputado não pensam assim. Pode até mesmo ser um golpe, mas a possibilidade mudança do regimento interno não é desconsiderada, caso ele insista nessa conversa de assumir, como fez Zé Sarney, o lugar de um presidente que, apesar de eleito, não tomou posse.

    5 - A PROPÓSITO: um “grande escândalo político”, como vaticina nosso candidato a oráculo, não é coisa que atemorize a quem quer que seja na Assembleia. O pessoal está acostumado, supera facilmente mais um. O que realmente assusta o povo por lá é a Polícia Federal. Menos que isso é pura bobagem.

    6 - SABEDORIA - Os deputados podem até argumentar com a mesma citação em Francês de Mathias Mendes: “Passer à côté du saute-mouton ne fait personne être un vautour”. Como meu Francês não dá nem para um singelo “mon amour”, vou me fiar novamente na sabedoria de meu guru, que explica: “Isto significa exatamente que passar ao lado da carniça não faz ninguém ser um abutre”. Como se vê, também serve.

    O PT em seu labirinto

    Merece reprodução o editorial de O Estado de São Paulo:

     Agita-se o Partido dos Trabalhadores (PT). Após a agressiva mobilização em defesa dos condenados no processo do mensalão, a vanguarda petista começa a propor, a seu modo, uma reflexão sobre os rumos do partido, aquele que se orgulhava de ser modelo de correção radical e que hoje é pilhado em sucessivos escândalos. Ingênuos podem ver nisso um mea culpa, um esforço para retornar às origens "puras" do partido, mas, em se tratando de PT, não cabe nenhuma ingenuidade: digladiam-se forças para a ocupação dos espaços perdidos pelas lideranças mensaleiras e, principalmente, para salvar as aparências do lulismo, emparedado por denúncias de cama e mesa.

    A mais recente manifestação da cúpula petista, a carta convocatória para o 5.º Congresso Nacional do PT, a ser realizado em 2014, dá uma ideia dessa crise. O documento reafirma as linhas gerais da defesa do legado de Lula e diz que o ex-presidente, assim como o partido, é vítima de uma campanha de difamação "insidiosa", semelhante à que sofreram os presidentes Getúlio Vargas e João Goulart. O primeiro suicidou-se, em 1954, denunciando "as forças e os interesses contra o povo" que o pressionavam. "Precisam sufocar a minha voz e impedir a minha ação, para que eu não continue a defender, como sempre defendi, o povo e principalmente os humildes", escreveu Getúlio, quando se descobriu que os porões do Palácio do Catete haviam se transformado num mar de lama em que chafurdavam Gregorio Fortunato e a sua quadrilha. Lula não parece inclinado a gesto tão dramático, mas o discurso é o mesmo, como mostra o documento petista: "A verdade é que os donos do poder não aceitam essa irrupção de pobres na vida social e política do País".

    O texto afirma que, graças às "distorções do sistema político", Lula teve de aliar-se ao que há de pior na política brasileira, como Sarney, Collor e Maluf, para "dar sustentação parlamentar ao governo". A direção petista argumenta que só assim foi possível manter o poder e enfrentar as elites, que, embora tenham se beneficiado da era Lula, jamais admitiram o "êxito de um nordestino, sem educação formal, como presidente da República". A missão histórica do lulopetismo está, portanto, acima de quaisquer considerações éticas. Aliás, dissemina-se há algum tempo, entre pensadores simpáticos ao PT, a ideia de que a corrupção é intrínseca ao capitalismo e que os pobres, agraciados com a fartura creditícia patrocinada pelo governo petista, não estão nem um pouco preocupados com os malfeitos, razão pela qual mantêm seu apoio a Lula e à presidente Dilma Rousseff. O clamor pela ética na política, prossegue a tese, restringe-se às "elites". O documento petista é claro sobre isso, ao dizer que "denúncias sobre corrupção sempre foram utilizadas pelos conservadores no Brasil para desestabilizar governos populares".
    Antes de chegar ao poder, porém, quem utilizava denúncias de corrupção como bandeira política era o PT, cujo líder máximo apontou a existência de "300 picaretas" no Congresso. Hoje, sabe-se, o governo petista costuma comprar o apoio desses "picaretas". O documento do PT admite que o partido já não é mais o mesmo, pois "perdeu densidade programática e capacidade de mobilização sobre setores que nos acompanharam nos primeiros anos de nossa existência". Traduzindo: rasgou suas bandeiras e abandonou os que acreditavam nelas, distanciando-se de sua militância. Admitir isso não é penitência, mas estratégia. A cúpula petista, conforme diz seu texto, acredita que seja necessário retomar as discussões programáticas para fortalecer sua "capacidade de intervenção na conjuntura", isto é, para pressionar Dilma a atuar com mais firmeza em favor dos interesses do partido. Aqui e ali, militantes têm manifestado descontentamento com a presidente por sua suposta leniência em relação à mídia e aos empresários. Portanto, para entender esse movimento interno no PT não se pode esquecer de que a sucessão de 2014 já começou, que Dilma não é a presidente dos sonhos dos petistas e que Lula precisa de palanque sólido para defender-se e continuar a construir a tal "narrativa petista".
     

     

     

    comente
    Comente!!